Ele mal chega em casa, após o dia de trabalho, e já vai buscar o material da segunda atividade à qual dedica seu tempo. Ainda vestido com a farda da Polícia Militar, o soldado Mauro Cavalcanti Alves reúne os instrumentos que vai levar para o ensaio da Banda Macial Mais Corujão, da qual ele é o regente. Enquanto isso, na Associação de Moradores da UR7 Várzea, localizada na Zona Oeste do Recife, dezenas de jovens se reunem para esperar o professor Mauro, carinhosamente chamado de "All Right" (Tudo certo, em inglês), chegar, para começar a aula de música.
Tudo isso começou em outubro de 2009, quando pouco mais de 20 alunos se reuniam para ensaiar no 1º andar vazio da casa de Mauro, hoje o grupo já se tornou banda oficial e ganhou a admiração e o respeito da comunidade. O vice-presidente da associação de moradores do bairro, Carlos Almeida, é um dos que confirmam a aprovação. "Esse projeto é ótimo, está ajudando os jovens da comunidade a não ficarem desocupados e assim eles podem até tomar gosto e se tornarem profissionais", avalia.
Foi justamente para dar oportunidade às crianças e adolescentes do bairro, onde mora há mais de 20 anos, que Mauro deu início ao projeto. "Eu queria dar oportunidade para quem quer aprender, fazer um trabalho de base, começar do zero. Queria aproveitar exatamente a 'prata da casa', os meninos aqui da comunidade", conta. Os integrantes, por sua vez, confirmam que o objetivo está sendo alcançado: "Eu acho muito legal, porque é um entretenimento e um aprendizado. Todo mundo que vê acha legal. Sem falar que Mauro é o cara, ele é meu segundo pai, está sempre alí pra ajudar nas horas boas e nas ruins pra incentivar", conta a trombonista Sabrina Soares da Silva, de 18 anos, que está na banda desde os 16.
Tendo quem acredite e invista no potencial deles, os jovens correspondem ao voto de confiança. Apenas este ano eles já se apresentaram em Recife, Altinho, Timbaúba e Vitória, participando da 3ª Copa Pernambucana de Bandas e Fanfarras, na qual se classificaram para a semi-final, que ocorre entre os próximos dias 20 e 22, no Instituto de Educação de Pernambuco (IEP), localizado no bairro de Santo Amaro, área central do Recife.
Apesar dos bons resultados, ainda falta muita coisa para que a Mais Corujão possa continuar dando oportunidade aos jovens da UR7, principalmente instrumentos. Neste momento, Mauro confessa que um dos seus maiores sonhos é poder fazer uma apresentação sem precisar pedir emprestado, das bandas que tocaram antes, os instrumentos que faltam no corpo musical.
Apesar dos bons resultados, ainda falta muita coisa para que a Mais Corujão possa continuar dando oportunidade aos jovens da UR7, principalmente instrumentos. Neste momento, Mauro confessa que um dos seus maiores sonhos é poder fazer uma apresentação sem precisar pedir emprestado, das bandas que tocaram antes, os instrumentos que faltam no corpo musical.
"Para que ao menos os 75 jovens que já tocam se apresentem sem tomar instrumentos emprestados, a Mais Corujão precisa de mais 8 tropetes, 2 flughorns, 2 bombardinos, 6 trombones e 1 tuba, para a parte de metais, além de um quadritom, (que é o mais caro e custa R$ 1.600). Duas caixas tenor, dois bombos e um par de pratos, para a percussão e os acessórios de som, que são um carrilhão, um João Blog agudo e grave, um gobel duplo e uma conga", contabiliza o regente.
Mesmo assim, isso não é limite para Mauro, seus 10 coordenadores voluntários e os 84 jovens que integram a banda. Seja com instrumentos emprestados, costureira voluntária ou com o dinheiro para viagens arrecadado através da venda de lanches, o que interessa para eles é não parar de tocar. Como aprenderam com seu regente, professor e, às vezes até paizão, Mauro, independentemente das dificuldades, é necessário encarrar as coisas acreditando que está sempre tudo "All Right".
CRÉDITOS: Ismaela Silva - Especial para o NE10
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