Em entrevista coletiva, promotora de Ipojuca, Paula Ismail, disse que ainda não finalizou a leitura do inquérito policial e o delegado Paulo Alberes ratificou que boxeador se matou
A polícia pernambucana contestou a perícia extraoficial sobre o caso Arturo Gatti (foto
1), campeão mundial de boxe encontrado morto em Pernambuco em 2009, e o Ministério Público ainda não decidiu os rumos do processo. Nesta sexta-feira (9), a promotora de Ipojuca, Paula Ismail, e o delegado Paulo Alberes, responsável pelas investigações na época, participaram de uma entrevista coletiva sobre o caso.
A promotora de Ipojuca disse que o inquérito policial de quase 500 páginas chegou às mãos dela no último dia 29 de agosto e que ainda está lendo as conclusões da polícia. “Eu acho precipitado qualquer julgamento, qualquer manifestação do Ministério Público sobre um documento que não conhece”, diz Paula Ismail.
Já o delegado Paulo Alberes defendeu a Polícia Civil pernambucana, que concluiu que o boxeador italiano naturalizado canadense tinha cometido suicídio por enforcamento. O delegado que presidiu o inquérito disse que a perícia extraoficial não se sustenta e que nada do que foi apresentado agora pode ser provado. De acordo com ele, a investigação da polícia pernambucana foi acompanhada pelo Ministério Público e pela Embaixada canadense. O delegado se mostrou irritado com as conclusões da investigação paralela e repetiu várias vezes que não tem dúvida de que o boxeador cometeu suicídio.
“A perícia foi conclusiva como suicídio referendada pela policia canadense e, diante disso, nos resta ficarmos tranquilos, sabendo que fizemos o trabalho como deveria ser. A família não se conforma que a esposa e o filho herdem os milhões de dólares, [como foi] dito na própria imprensa canadense”, afirmou Paulo Alberes.
O documento enviado pelo advogado da família do boxeador, o brasileiro Eduardo Trindade, para o Ministério Público de Pernambuco contém os resultados da investigação paralela realizada por perito criminal, engenheiro, físico, agente do FBI aposentado e detetives particulares. Eles foram contratados pela família e pelo empresário do boxeador, que ficaram insatisfeitos com a conclusão da polícia pernambucana sobre o caso. “Vamos levar toda essa documentação, toda essa prova técnica para o promotor público para que ele analise e forme sua convicção”, diz Eduardo Trindade.
“O senhor Gatti foi assassinado. Não houve suicídio de forma alguma”, afirmou o perito. O coordenador do grupo ainda fez uma acusação: “A mulher dele (Amanda Rodrigues, foto 1) disse que era a única pessoa que estava no apartamento quando ele foi morto. Nós concluímos ser ela a suspeita”.
A posição em que o corpo foi encontrado, a cinta usada para um possível suicídio, o peso do corpo, o local da queda e outros cálculos matemáticos levam a constatação de que Arturo Gatti foi enforcado, dizem os técnicos envolvidos na investigação particular. O resultado do trabalho, que durou dez meses e conta com fotos, vídeos, gráficos e cálculos matemáticos, foi apresentado na academia onde Arturo Gatti treinava, nos Estados Unidos.
O advogado contratado pela família do boxeador disse que todo o documento vai ser traduzido para a língua portuguesa e apresentado à Justiça como prova. “Na visão de todos os especialistas, não resta absolutamente nenhuma dúvida de que Arturo Gatti foi assassinado. Vamos levar toda essa documentação, toda essa prova técnica para o promotor público para que ele analise e forme sua convicção”, afirmou o advogado Eduardo Trindade.
A expectativa da família de Arturo Gatti é que o Ministério Público apresente uma denúncia contra Amanda Rodrigues. Célio Avelino (foto 3), advogado da viúva, disse que não tomou conhecimento dessa investigação particular. Informou também que ela não tem legitimidade para anular a investigação policial brasileira, que foi submetida à apreciação do Ministério Público e da Justiça no Brasil.
ENTENDA O CASO
Aos 37 anos, Arturo Gatti era um vencedor: foi duas vezes campeão mundial de boxe, uma vez na categoria dos super pena e outra entre os super leves. Em julho de 2009, ele passava férias com a família no Litoral de Pernambuco quando foi encontrado morto no quarto de um hotel em porto de galinhas, onde se hospedou com a mulher e o filho que ainda era um bebê. A mulher dele, Amanda Rodrigues, foi presa acusada de ser a autora do crime. Ela ficou 18 dias na cadeia e saiu porque o inquérito da Polícia Civil de Pernambuco constatou que houve suicídio. A conclusão se baseou nas investigações e nos laudos da perícia.
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