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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

PM preso no ano passado acusa ministro do Esporte de ter recebido propina, diz VEJA

Responsável pela pasta do Esporte, que se transformou em centro das atenções na Esplanada dos Ministérios por conta dos importantes eventos que o Brasil vai receber nos próximos anos, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, o ministro Orlando Silva Júnior é alvo de reportagem da revista VEJA desta semana em que é acusado de ter recebido propina. 

A revista conversou com o policial militar João Dias Ferreira, preso no ano passado sob acusação de ter feito parte de um esquema supostamente organizado pelo PCdoB, que há anos comanda o Ministério do Esporte, que desviava dinheiro público usando organizações não-governamentais (ONGs) como fachada. Segundo o PM, o ministro teria recebido o dinheiro das mãos de Célio Soares Pereira, um “faz-tudo” do esquema. 

Em 2010, foram presos cinco pessoas acusadas de desviar dinheiro de um programa criado pelo governo federal que incentivava crianças carentes a praticar atividades esportivas, o Programa Segundo Tempo. Os supostamente envolvidos eram acusados de receber dinheiro do Ministério do Esporte por meio de ONGs. 

Segundo o PM, o esquema no Ministério do Esporte pode ter desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos. “As ONGs, segundo ele, só recebiam os recursos mediante o pagamento de uma taxa previamente negociada que podia chegar a 20% do valor dos convênios. O partido indicava desde os fornecedores até pessoas encarregadas de arrumar notas fiscais frias para justificar despesas fictícias”, diz o texto da revista. 

Dias Ferreira também afirmou à VEJA que na gestão do ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, hoje governador do Distrito Federal, antecessor de Orlando Silva no ministério, o Programa Segundo Tempo já era uma espécie de “caixa 2” do PCdoB – e que o suposto gerente do esquema era o atual ministro.

Orlando Silva está em Guadalajara, no México, onde participou na última sexta-feira da abertura dos Jogos Pan-Americanos. Neste sábado, ele terá uma reunião com outros ministros do Esporte dos países do Mercosul. Por meio de seu perfil no Twitter, o ministro rebateu as acusações: "Daqui a uma hora, farei uma entrevista coletiva, aqui mesmo em Guadalajara, México, para desmascarar a farsa publicada hoje". 

Já em contato com a revista VEJA na noite da última sexta-feira, o ministro do Esporte chamou o policial de "bandido" e afirmou que ele terá de provas as acusações na Justiça. "Confesso que eu estou chocado. Estou estupefato, perplexo. Um bandido fala e eu que tenho que provar que não fiz, meu Deus?", falou.

"Durante um ano esse sujeito procurou gente do ministério e fez ameaça, insinuação. E qual foi a nossa posição? Amigo, denuncie, fale o que você quiser. Por quê? Porque como nós temos convicção de que o que foi feito foi o correto, nós não tememos. E falávamos para ele: não nos interessa. Ele falava que existia um dossiê, que ia denunciar... A resposta era: faça, procure o Ministério Público, a polícia, a Justiça, faça o que você quiser fazer", revelou.

"Estive com ele uma única vez, quando o Agnelo recomendou que eu recebesse ele, que era presidente de uma federação esportiva em Brasília e ele propôs fazer a tal parceria com o programa Segundo Tempo. Foi no gabinete, em audiência. Não foi num lugar escuso, sombrio. E quando ele não cumpriu aquilo que estava determinado, eu assinei a Tomada de Contas Especial, eu mandei para o Tribunal de Contas apurar", continuou Orlando Silva.

"Vale a pena olhar qual é a minha declaração de renda, qual é meu patrimônio, qual é minha conta bancária e qual é a dele. Qual é a (conta) dele e de outras pessoas que têm relação (com o soldado)", desafiou.

Em dez meses de governo, a presidenta Dilma Rousseff já fez algumas modificações em sua equipe ministerial – quase todas foram decorrentes de denúncias de corrupção. Já caíram os ministros Alfredo Nascimento (Transportes), Antonio Palocci (Casa Civil), Pedro Novais (Turismo) e Wagner Rossi (Agricultura), além de Nelson 
Jobim (Defesa) – este último, o único que não deixou o cargo em meio a denúncias.


FONTE: ESPN.com.br

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