Afirmando que depois de perder na convenção o direito de ser candidato à reeleição em Petrolina votou em Gonzaga e Fernando votou em Lóssio, o Deputado Odacy Amorim diz que mantém candidatura e “o governador terá em Petrolina dois palanques”.
Odacy: “Melhor duas candidaturas que só uma, imposta, para beneficiar o prefeito de novo”.
O Deputado Estadual Odacy Amorim (PT) surpreende: Calmo e tranquilo é ao mesmo tempo capaz de ousadias políticas inimagináveis. Evangélico, em uma cidade que venera seus bispos católicos, vereador de esquerda em uma comunidade profundamente conservadora, candidato a vice-prefeito quando ser vice era um risco inaceitável a qualquer político. Prefeito, por dois anos, com passagem comprada para o esquecimento, reinventou o restante do mandato que recebeu, exerceu o poder com gosto e garra, saiu da prefeitura com 82 por cento de aprovação. Lesado, golpeado ou como ele mesmo diz “sem espaço”, no PSB não conseguiu a indicação para concorrer à reeleição. Sem guardar mágoas foi às ruas, defendeu a candidatura do opositor Gonzaga Patriota e entregou a prefeitura a Júlio Lóssio. Mais uma vez lhe atribuíram o peso da derrota e vaticinaram sua morte política. De volta às ruas e à campanha, recebeu em Petrolina quase trinta mil votos, dois terços de toda a sua votação como candidato a deputado estadual. Inquieto, envolveu-se até a medula nas atividades parlamentares, para alegria de seus companheiros de partido que o imaginavam longe da disputa de prefeito em Petrolina e de novo surpreendeu: colocou na mesa sua candidatura a prefeito e desta feita sem a aprovação de Fernando Bezerra e do Deputado Gonzaga Patriota. Sem apoio partidário, em um partido controlado em Petrolina por Gonzaga e Fernando, viu suas possibilidades naufragarem logo de início. Não se deu por derrotado e, mais uma vez surpreendeu: migrou para o PT, quando dele esperavam a ida para o PTB. É candidato, une o PT de Petrolina, deu novo vigor aos petistas em Pernambuco, que agora vislumbram o poder na maior cidade do estado e amacia seu relacionamento com Gonzaga e Fernando, historicamente adversários, que se juntaram, primeiro para negar-lhe a candidatura, depois para solapar a decisão do PT e agora para tentar derrota-lo com a candidatura de Fernando Filho. Conversamos com ele na manhã desta terça feira, quando representando o governo de Pernambuco participou da Reunião Funcional de Capitães dos Portos Fluviais discutindo a revitalização do São Francisco. Para ele “o governador vai ter dois candidatos da Frente em Petrolina. Eu sou da bancada do governador na Assembléia Legislativa, vou me eleger prefeito de Petrolina e o governador vai ter um prefeito em Petrolina do lado dele” – diz, respondendo à pergunta se sua candidatura não trafega em sentido contrário aos desejos de Eduardo Campos. Mesmo repetindo que “Na hora de fazer o debate político não quero agredir Gonzaga nem Fernando. Respeito a liderança de Fernando como eu acho que eles precisam respeitar e devem respeitar a mim”, Odacy não consegue esconder a mágoa: “Este ajuntamento político de Gonzaga com Fernando. Um ajuntamento que não sei se Petrolina vai concordar, pois é como se estivesse virando monopólio”. Deputado o senhor construiu sua carreira política ao lado de Fernando. Como ficam, agora, adversários? Alguém traiu alguém nessa história?; Perguntamos. Para responder Odacy relembra cada fato de sua trajetória política para mostrar que se foi beneficiado pelo apoio de Fernando; Fernando beneficiou-se de sua liderança política, de sua fidelidade ao grupo e ao partido e de sua capacidade de angariar votos: “Quando eu fui vereador a primeira vez, meu nome foi lançado no sábado à meia noite e domingo era a Convenção. A comunidade tinha quatro candidatos a vereador, três do PFL e eu sai pelo lado de Fernando. Se eu não saio candidato naquele momento Fernando teria perdido a eleição dentro de Rajada. Foi muito importante para mim e importante para Fernando. Foi uma parceria boa.” “Me chamou para ser secretário, sem recursos, foi positivo. Quando Fernando me chamou para ser vice prefeito, em um momento que ninguém queria ser candidato a vice de Fernando, porque ele estava em último lugar nas pesquisas. E em nome de um grupo, de um projeto e da liderança dele, eu fui”. “Deus me permitiu que eu viesse a assumir a prefeitura. Fernando foi ser secretário e isso fez com que ele chegasse hoje ao Ministério. Então foi bom para ele e foi bom para mim”, - explana – “Chegou agora o momento. É uma questão de conjuntura. Há atrito de lideranças. De repente aquele menino que veio do interior, de repente, ele tem liderança. Só que ele tem um limite, até onde dava para ir, determinado por Fernando...” – como se dissesse que não é Fernando a delimitar sua caminhada política ou dele tenha dependido; como se dissesse que Fernando se equivocou ao considerá-lo subalterno e não parceiro. Relembra das conversas que teve com Gonzaga, dos compromissos e de seu empenho, depois que perdeu na convenção, em favor da campanha de Gonzaga: “Dei uma força e não me arrependo. Nesse momento eles se juntam, formam um ajuntamento político para me enfrentarem. Não há um respeito à pesquisa, desde o ano passado que eu tentava conversar e não era possível. Tive de sair. Respeito a decisão do PSB, não vou cobrar do PSB, mas o PSB precisa respeitar também o meu espaço”. Explica que a saída não foi para impor a candidatura a prefeito: “Sai porque não tive as condições políticas de debater dentro do partido e não porque queria impor minha candidatura. Sempre quis discutir o que iria acontecer em 2012. A resposta, a gota d’água para sair do PSB, foi o acordo que o partido teria uma direção plural, que os quatro membros da Executiva seriam os quatro pré-candidato e depois vieram com o nome de Elísio Holanda. Aí não respeitaram o acordo”. Não se assusta e nem concorda com a possibilidade de estar promovendo o enfraquecimento político de Petrolina, expondo as diferenças e consolidando um racha entre as forças que sempre foram majoritárias na cidade e que contribuíram, com a sua unidade, para o fortalecimento do município: “Pelo contrário. Eu vou ganhar a eleição e vou deixar os dois deputados federais em condições de continuar trabalhando por Petrolina, porque Petrolina não pode nunca perder um deputado federal. Se um destes deputados se elegesse prefeito e entrasse um suplente de Petrolina... Mas, eu me elegendo prefeito vou garantir o mandato de Isabel Cristina que ainda é suplente e até Ciro Coelho tem grande chance de assumir o mandato... Então tirar um deputado federal é perder alguém que tem muito dinheiro de emenda parlamentar...” Insiste e reforça seu raciocínio sobre a disputa: “Não quero brigar com ninguém.” “Vou disputar a eleição, mas mantenho a porta aberta do diálogo. Vou ganhar com o partido da Presidenta do Brasil, do Presidente Lula, da Presidenta Dilma, que tem um filho de Petrolina como Ministro e sempre é melhor ter duas candidaturas que só uma candidatura imposta, o que poderia beneficiar, pela segunda vez, o prefeito”.
Por Manoel Leão/Fotos: Joselito TavaresFonte: Blog do Geraldo José/Blog Diniz K-9
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