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sábado, 29 de outubro de 2011

AS LIÇÕES DE UM MESTRE.!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

AS LIÇÕES DE ARRAES NA POLÍTICA BRASILEIRA

Miguel Arraes nasceu no Ceará, mas fez sua carreira política em Pernambuco. Foi deputado federal, prefeito de Recife e governador do Estado por três vezes. Político sério, vinculado às esquerdas, tinha porém a compreensão de que para conquistar o poder e administrar era preciso costurar alianças com setores conservadores, com a direita. Paulo Guerra, Antônio Farias, Armando Monteiro Filho, Carlos Wilson foram alguns dos políticos atraídos pelo projeto ideológico do velho líder de estilo pessedista.

O importante, pregava Arraes, é manter a hegemonia das forças da esquerda, ou do campo popular.

O ex-governador ensinou o caminho das pedras, inclusive a aliados que viraram inimigos. Jarbas Vasconcelos, derrotado na disputa pelo governo, em 1990, obteve estupenda vitória eleitoral, em 1998, quando se aliou a adversários históricos do PFL, à frente Marco Maciel e Roberto Magalhães.

Lula também conviveu com Miguel Arraes, bebeu na fonte de sua sabedoria política. E só quando abandonou o purismo ideológico, seguindo um receituário parecido com o praticado pelo velho líder das esquerdas pernambucanos, conseguiu vencer as forças conservadoras que o combatiam. E para se manter e vencer novamente, chegar até o fim e eleger a sucessora, continuaria fazendo aliados à direita, muitas vezes tendo de pagar um alto preço por isso.

Só um tolo, um ingênuo em política, acredita que se pode ganhar a eleição e governar Pernambuco ou o Brasil sem o apoio dos partidos, de alguns grandes empresários, de lideranças que comandam grandes feudos regionais. Collor, mesmo tendo sido eleito com apoio maciço da direita e das forças conservadoras, quebrou a cara quando pensou estar acima da sociedade, do Congresso, dos coroneis do interior e dos coroneis do asfalto. A tal da governabilidade não é fácil, Fernando Henrique, Lula e Dilma que o digam.

No Brasil, como na Argentina e outros países da América do Sul, os políticos mais experientes têm na cabeça a lição do Chile. Uma experiência socialista, um presidente verdadeiramente democrata querendo levar o país a mares nunca antes navegados. Sem uma coalização conservadora, contra ele os grandes empresários, a mídia e o Governo dos Estados Unidos da América, foi assassinado dentro do Palácio Presidencial e ainda passaram à história a versão de que Salvador Allende se suicidou. Depois veio Pinochet, um dos golpistas traidores, e foram anos de horror.

Horror que durante quase três décadas tomou conta da América do Sul. Com a ajuda dos Estados Unidos (que podem gostar de democracia lá, pra eles) se estabeleceram ditaduras no Brasil, no Chile, na Argentina, no Paraguai, no Uruguai, no Peru.

Arraes tinha consciência disso tudo e sofreu a noite negra da América do Sul na pele, amargou 16 anos de exílio.

Lula sabe o que é isso pois quando começou a fazer política os trabalhadores apanhavam dos homens de farda no meio da rua e iam para a cadeia por ousar pedir melhores condições de trabalho. Quando sua mãe estava à morte, o ex-presidente estava numa das cadeias da ditadura brasileira.

Achar que Arraes e Paulo Guerra eram iguais, que Lula é o mesmo Sarney, é desconhecer a história e a política. Nem eram iguais nem foram amigos. Se juntaram casualmente por interesses políticos. O importante, lembro novamente o ex-governador, é manter a hegemonia das forças progressistas e populares. É governar com o sentimento do mundo e com os olhos voltados para os que mais precisam.

Arraes e Lula fizeram assim. Por isso estão no coração do povo. Os inimigos podem chamá-los do coronéis, comunistas, oportunistas, analfabetos, maus administradores, acusá-los de coniventes com a corrupção, do que quiserem, este discurso não vai colar junto ao povão.

Os que conseguiram uma vaquinha, um bico de luz em casa, água no terreiro, um emprego, condições de comprar comida, vestir feito gente decente, adquirir seu primeiro carrinho, ver o filho pobre na universidade, andar de avião, ser tratado como gente, feito o patrão... Esses aí, milhões de Marias, Antônio e Josés não vão trocar a vida que conquistaram para si e seus filhos por discurso bonito de nenhum doutor.

Lula tem seus defeitos, como Arraes tinha os dele. Eles, no entanto, fizeram uma obra que a elite e seu séquito de bajuladores não consegue entender: inverteram a lógica do processo e mesmo aliados a setores conservadores trabalharam fazendo mais para os pobres do que os que antecederam. Só isso. E os pobres, mesmo que saibam que os governos têm obrigação de fazer (não é favor), lembrados de que os outros não fizeram por eles, são gratos aos que foram seus aliados, amigos até, transformando suas vidas para sempre.

(Foto: Dom Hélder Câmara e Miguel Arraes - dois "comunistas" que atemorizavam a direita nos anos de chumbo do país).

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